Na disputa de narrativas, pautar o debate faz parte da estratégia de comunicação. Portanto, quando se diz, "que o PIX será taxado", a intenção é pautar uma discussão, gerar pânico, e desarticular uma informação, pensamento, agenda, fato, independente de sua veracidade, ou não. A narrativa é mais importante do que a verdade. Desinformar é uma forma de informar o meu público, de confirmar o nosso viés, valores, ressentimentos, onde a verdade produzida encontra eco, mesmo que, ela tenha só um fundo de verdade.
O time deles fez um a zero com um golaço, e o segundo com um gol contra. O placar geral marca dois a zero, mas para a nossa torcida, está um a um. Danem- se as regras. O placar do jogo não é o oficial. O placar é o que o narrador diz ser o placar. Só que no caso das novas medidas em torno do PIX, não foi o que aconteceu. O governo tentou marcar um gol, e acabou tomando uma goleada. E se comporta como um mal perdedor, sem admitir a sua derrota, inclusive seus erros. Tentativa patética de construir uma narrativa, quando deveria se antecipar a própria.
O governo não quis comprar briga com outros setores. Contra os altos salários do funcionalismo público, acima do teto; com taxação dos super ricos; com os especuladores, cobrando dividendos, prática comum nas principais economias do mundo; com as mega isenções de diversos setores, mas quis faturar em cima de uma medida da Receita Federal, para justificar um provável aumento de arrecadação em meio a guerra palaciana no tocante ao corte de gastos, mirando nas pessoas do, "corre", aquelas que se encontram na informalidade, no regime do sobrevivencialismo.
E pior! Não pensou em nenhuma campanha informativa a respeito, e deixou o flanco aberto para distorções, dúvidas, e desconfianças. Uma instrução normativa se transformou no novo normal da percepção da população. Enquanto a oposição já tinha uma campanha muito bem montada, inclusive com vídeo feito por IA, a fim de pautar a novidade da sereia, que virou um pesadelo tão medonho.
O governo recuou, passou o recibo, e agora vem pagar de vítima da desinformação, fake news, Meta, e o mesmo discurso desconectado, e pronto, para tarde demais, refutar o que não soube comunicar, como quem quer colocar o gênio de volta na lâmpada, enxugar o gelo, criminalizando as críticas da oposição, e o próprio Nikolas, sem admitir seus erros catastróficos desde o começo. Faltou clareza. Me explique isso como se eu fosse alguém que faz dancinha no Tik Tok. Lambança. Lambança.
Para quem faz movimentações financeiras via PIX, nas instituições bancárias tradicionais, Itaú/ Bradesco/ Santander/ Caixa/ Banco do Brasil, já é monitorado. Pessoa física, acima de dois mil reais, pessoa jurídica, acima de seis mil reais. Bancos digitais como o Nubank, Mercado Pago, Picpay, por exemplo, não são monitorados, seja qual for a transação. Na nova norma, os valores de pessoa física/ jurídica, para entrar no radar da Receita Federal, seriam a partir de cinco mil/ quinze mil reais, em todas as instituições financeiras, as tradicionais e as digitais. Simples assim.
Mesmo dizendo, que posteriormente não haveria taxação, quem pode apostar e acreditar nesse governo? A mesma retórica foi dita sobre a não taxação dos produtos chineses, e não foi o que aconteceu. Como alegar que o fisco está nos monitorando, mas em algum momento não vai nos caçar? É o leão dizendo para a sua presa natural na cadeia alimentar:
- Fique tranquila ovelhinha! Não vou te comer no final!
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